quinta-feira, 10 de novembro de 2016

os morcegos estão comendo os mamãos maduros - Gramiro de Matos

      Sim, morcegos de fato comem mamãos, ou mamões maduros, mas, não é sobre morcegos nem sobre mamões o segundo e que eu saiba, derradeiro romance de Gramiro de Matos, ou Ramiro de Matos, ou Ramirão Ão Ão, cujo subtítulo, é,”O besta y a doida”, é sobre... 
      Bem, é sobre lombrigas e angústia, sobre o que fazer da vida, seja você um viadinho suburbano, uma filha de deputado, um bêbado amante da filha do deputado, um maconheiro, um pintor ensandecido, um atropelado, ou duas belas jovens pegando carona na Rio-Bahia. 
         O livro é sobre o belo e o horroroso da vida, que você pode passar com dor ou com muita dor. A escolha é sua, ou talvez não, mas, porém, contudo e entretanto, “O besta y a doida”, que mistura português com espanhol, James Joyce ( seu Jaime, para os chegados) com Gregório de Matos, os tupis e os atlantes, não é um livro triste, pelo contrário, é um livro até esperançoso, Macunaíma dos anos 70,embora o autor prefira Oswald a Mário de Andrade, mas o que sabe um autor do livro que escreveu?

Pouco.

O que sabe um baiano da Bahia, se ele não é Dorival Caymmi?

Não sei, sei que não perdi meu tempo lendo o tropicalista (será)lisérgico romance de Gramiro de Matos, em que, em meio a miséria e safadeza brasileira de todo o dia, o autor enxerga beleza, e os personagens flutuam, não como se estivessem dançando valsa, que os anos 70 não foram a belle époque, mas como se estivessem chapados, flutuando no limbo entre a memória e o desejo. 

       O texto descontínuo aumenta essa sensação de navegar a deriva, de início de embriaguês, de não se saber pra onde vai, tão comum a esse bicho que se chama homem. 
Belo romance, um dos melhores que li ultimamente, Favelost dos anos 70. Nada mau para um impostor que disse:

“agente tem k se transformar dy trens feios em coisas bonitas y coloridas”.

Classificação: Tarja laranja CaetanoTomZé-nuclear.

Contra indicado para: Gente que nunca teve lombriga.

Efeitos colaterais: Espanto.

http://ofarmaceuticosemph.blogspot.com.br/

*******************************************************


A poesia marginal teve um momento marcante com o lançamento da coletânea 26 poetas hoje (1975), organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Nessa coletânea, Heloísa faz um balanço de todo o período, publicando lado a lado a nova geração e alguns dos poetas que já estavam envolvidos com outros movimentos culturais, como o tropicalismo e a marginália. Waly Salomão, Torquato Neto, José Carlos Capinan e Duda Machado aparecem ao lado dos novos como Chacal, Bernardo Vilhena, Ana Cristina César e Francisco Alvim. Unindo todos, o rótulo genérico criado pela crítica e nem sempre bem aceito por parte dos poetas de marginais.

  Ainda ligado à literatura, alguns autores desse período também tiveram seus romances e textos batizados de “marginal”, criando no campo da prosa a outra face da atuação experimental dos poetas. Livros como Panamérica (1968), de José Agripino de Paula, Me segura que eu vou dar um troço (1972), de Waly Salomão, Urubu-Rei (1972) e OS MORCEGOS ESTÃO COMENDOS OS MAMÕES MADUROS(1973), de Gramiro de Matos e Catatau, de Paulo Leminski (1975), foram inseridos nesse grupo pela crítica literária da época, apesar de suas diferenças de estilo e proposta.


https://www.skoob.com.br/livro/138789#_=_



RESUMO: A vivência da redemocratização portuguesa em 1974 e da descolonização da África

lusófona foram muito impactantes em Gramiro de Matos, autor ícone da contracultura brasileira no

momento imediatamente posterior ao tropicalismo. Nesse sentido, um experimentalismo dá lugar a

uma maior politização em sua obra. No entanto, a experiência de exílio em ambos os lados do Oceano

Atlântico durante a década de 70 foi indispensável para que o autor continuasse, ainda que com

modificações, seus gestos de violência contra a língua padrão e, ao mesmo tempo, desenvolvesse o

conceito de “combate em línguas”, tanto para propósitos acadêmicos como estéticos.

PALAVRAS-CHAVE: Contracultura; Descolonização; Combate em línguas; Resistência.

Para um estudo mais aprofundado desta obra:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:RuTAsV0EFtEJ:www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/article/download/1217/pdf_193+&cd=14&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Nenhum comentário:

Postar um comentário