quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Vida - Paulo Leminski

              "Com os três livros que publiquei, Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e o que agora estou escrevendo sobre Trótski, quero fazer um ciclo de biografias que, um dia, pretendo publicar num só volume, chamado Vida. São quatro modos de como a vida pode se manifestar: a vida de um grande poeta negro de Santa Catarina, simbolista, que se chamou Cruz e Sousa; Bashô, um japonês que abandonou a classe samurai para se dedicar apenas à poesia e é considerado o pai do haikai; Jesus, profeta judeu que propôs uma mensagem que está viva dois mil anos depois; Trótski, o político, o militar, o ideólogo, que ao lado de Lênin realizou a grande Revolução Russa, a maior de todas as revoluções, porque transformou profundamente a sociedade dos homens."
              Ler "Vida" de Paulo Leminski foi um prazer, uma leitura saborosa. que eu não queria terminar, já fazer a resenha dele, me parece uma tarefa árdua, pois como escrever sobre um livro tão magistral e poético?
              Em "Vida" o autor escreve sobre 4 de seus maiores exemplos de vida, foram pessoas que de certa forma marcaram a vida de Leminski e que o acompanharam em sua curta permanência na Terra.
            Cruz e Souza marcou a vida do escritor pela genialidade com as palavras, pela sensibilidade da poesia e a inquietação dos sentimentos.

            Bashô um ex samurai, larga a vida militar para se dedicar a poesia.
           Jesus, um homem tão atual, apesar dos mais de 2000 anos de existência, e marcou Paulo que quase foi um monge beneditino.
         E Trótski que norteou o pensamento revolucionário do nosso poeta curitibano.
        O livro é denso e inteligente. Leminski alterna poesia, gravuras, fábulas, e história. Conta sobre a vida desses 4 ícones de forma atraente e dinâmica, não tem como não admirar os escolhidos pelo autor, e entender como eles influenciaram a vida deste.
Vale a leitura!

site: www.mulhericesecialtda.com


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Nesta obra Paulo Leminski compõe ensaios biográficos sobre quatro grandes nomes, “quatro de seus heróis de lírica e de luta” (segundo a orelha da obra), revelando aspectos inusitados ou pouco explorados desses personagens.

“Cruz e Souza: o negro branco” (1983) trata do poeta catarinense, descendente de escravos, e o maior representante do nosso Simbolismo; uma vida marcada pela miséria, sofrimento, preconceito e o não reconhecimento da sua importância dentro de nossa literatura durante muitos anos. Em “Bashô: a lágrima do peixe” (1983), aborda a vida de Matsuó Bashô, considerado o pai do haikai (forma curta de poesia de origem japonesa), um samurai que abandona sua classe para se tornar poeta. Esses dois ensaios são verdadeiras aulas de poesia, numa abordagem original de análise e de desvelamento do fazer poético; um atestado do virtuosismo e do domínio de Leminski sobre o gênero que o consagrou.

Em “Jesus a.C.” (1984), Leminski aborda os evangelhos a partir de um novo olhar, ao tratar da vida do profeta judeu cuja mensagem está presente no mundo até os dias de hoje, mais de dois mil anos após a sua existência. Jesus é retratado como um revolucionário, cuja radicalidade das ideias marcou sua época, afrontando os poderosos e levando-o à morte.

Já em “Trótski: a paixão segundo a revolução” (1986), o maior dos ensaios dessa obra, acompanhamos a vida do intelectual, político, militar, e um dos ideólogos e líderes da Revolução Russa (1917), Leon Trótski. Leminski realiza uma prazerosa e inesperada analogia entre a história russa e os personagens principais de OS IRMÃOS KARAMÓZOV, de Dostoievski, até chegar propriamente à Revolução e ao papel ocupado por Trótski nela.

Quatro ensaios comprovando que Paulo Leminski, além de um poeta genial, também foi um prosador de mão cheia!


                                                        Regifreitas
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                              Didático sem ser pedante
                    A gente aprende Simbolismo na escola, de Cruz e Souza 2 ou 3 poemas, se tanto, sua obra principal (de nome) e só. De Bashô, só se você tiver sorte de encontrar na internet alguém que o divulgue. Somos inundados por sabedores da vida de Jesus diariamente, de Paulo ao pastor de garagem, todos estão mais certos (e loucos) que os outros, todos estão doutrinariamente errados, uma vez que incertos. Trotski a gente aprende na aula de história, o herói da revolução russa e do socialismo. ''Só que não é bem assim'', diria Leminski (ou a minha professora de literatura da universidade). Cruz e Souza merece espaços maiores, aprendizados maiores, Leminski felizmente nos proporcionou uma bela biografia. Basho precisa ser reeditado no Brasil, Olga Savary, tradutora de Basho e pioneira do haicai no Brasil tem que ser relembrada. O Jesus de Leminski é poeta, parabólico, porém ao contrário do que muitos imaginariam, não é hippie, ''paz e amor, bicho''. Trotski tem um espaço maior e do tamanho da União Soviética no livro, pouca gente o conhece da forma em que ele aparece - acredito que muitos professores de história desconhecem essa figura. Quando comprei o livro não imaginei que gostaria de ler sobre o último biografado. Mas quando a gente quer aprender, quer conhecer uma pessoa histórica tem que ir fundo, Leminski proporciona uma conexão agradável com o leitor. A poesia é o canal certo.
                                                      Israel

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O livro é denso e inteligente. Leminski alterna poesia, gravuras, fábulas, e história. Conta sobre a vida de 4 ícones (Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e Trótski) de forma atraente e dinâmica, não tem como não admirar os escolhidos pelo autor, e entender como eles influenciaram a vida deste.

Ler "Vida" de Paulo Leminski foi um prazer, uma leitura saborosa que eu não queria terminar.

Vale cada palavra!


Igor Jota


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                                     Incrível!
O livro Vida de Paulo Leminski traz quatro biografias contadas de uma maneira bem peculiar. Os contemplados foram Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e Trótski, todos personalidades marcantes e que viveram intensamente e poeticamente mesmo quando a vida era prosa.
Vida mostra uma faceta de Paulo Leminski que poucos conhecem, já que boa parte dos leitores o conhece especialmente por seus haicais Vida prova que Paulo Leminski não é só poesia e haicai. Paulo Leminski é poesia em prosa e biografia.
Alguns, acostumados com a poesia sucinta e breve de Paulo Leminski vão se assustar com Vida, outros não, porque mesmo escrevendo biografias P. Leminski supera e concentra nas palavras uma poesia peculiar, isto é, Leminski imprime sua marca.
As biografias de Cruz e Sousa e Bashô são as que mais concentram poesias, afinal temos dois poetas, um negro e um zen que dominou toda a arte minimalista dos haicais.
Já as biografias de Jesus e Trótski trazem líderes que movimentaram todo um ideal e viveram de formas particularmente impressionantes.
Gostei muito do livro inteiro, mas ele não é para ser lido de um só fôlego, acredito que estudantes de letras e fãs do autor devem ler. É um livro que apesar de se tratar de uma biografia, não é de todo uma biografia, foca na personalidade das pessoas biografadas e não em suas vidas propriamente ditas. Até nas biografias P. Leminski deu uma grande inovada. Na minha concepção as melhores biografias foram as de Cruz e Sousa e Bashô.
Desse modo, ficam aqui minhas recomendações de leitura, Vida é uma excelente obra, mas não espere encontrar poesias Leminskianas, este livro é mais apropriado para uma leitura teórica e paulatina, sem pressa para acabar. A admiração por um escritor ou pelos escritores biografados deve ser suficiente para fazê-los ler Vida. Boa Leitura!

Camila Márcia

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                  Quando a Companhia das Letras lançou Toda poesia, em fevereiro de 2013, alguns dos livros ali reunidos - como Caprichos e relaxos e Distraídos venceremos- estavam fora de catálogo e vinham sendo procurados pelo amplo público leitor de Paulo Leminski há mais de dez anos. Entre diversos fatores que vão da genialidade inovadora de sua obra à simpatia em torno de sua figura, essa lacuna foi determinante para que o volume assumisse rapidamente uma posição de destaque em todas as listas de mais vendidos do país, feito inédito para um livro de poesia.
Fenômeno semelhante ocorre com as quatro biografias que Leminski escreveu para a Coleção Encanto Radical ao longo da década de 1980; livros como Bashô - a lágrima do peixe são hoje raridades nos sebos, e agora voltam ao mercado com a reedição de um volume único, publicado pela primeira vez em 1990 pela Editora Sulina, conforme desejo expresso pelo próprio autor: “Com os três livros que publiquei, Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e o que agora estou escrevendo sobre Trótski, quero fazer um ciclo de biografias que, um dia, pretendo publicar num só volume, chamado Vida.”
Sob o olhar poético e apaixonado de um mesmo admirador, essas quatro trajetórias aparentemente desconexas ganham novas dimensões, criam elos e se complementam, em comunicação permanente com a vida e a obra de seu biógrafo. Trótski é visto como um homem de letras, autor do “mais extraordinário livro sobre literatura” já escrito por um político. Cruz e Sousa é personagem central de um movimento que Leminski chama de “underground” e que muito o influenciaria: o simbolismo. Bashô, antes de se tornar pai do haikai, foi membro da classe samurai. E Jesus é um “superpoeta”.
Enquanto traz à tona lados surpreendentes de quatro de seus heróis, Leminski revela muito de si mesmo, tão múltiplo e fascinante quanto os biografados, e fornece a seus fãs, em narrativas aliciantes e cheias de estilo, uma gênese de suas principais influências.

“Por incrível que pareça, havia um pouco de Cruz e Sousa, Bashô, Jesus Cristo e Trótski em Leminski. E dele neles.” - Ruy Castro

“A opção visceral de Leminski seria justificada quando publica, nos anos 1980, quatro biografias como forma de ‘pedir providências’ e apontar como a vida poderia/deveria se manifestar através de uma radicalização política da arte como experiência.” - Manoel Ricardo de Lima, O Globo

“Evoé Leminski!” - Haroldo De Campos
“Tarefa duríssima, ninguém duvida, responder quantos Leminskis cabem num só Leminski.” - Wilson Bueno

“Não fazia média com ninguém, nem com ele mesmo. ‘Na vida ninguém paga meia’; na poesia também não. Leminski pagou e recebeu inteira. A multiplicidade de tarefas, de línguas, de gêneros, de veículos em que ele circulava deixa, paradoxalmente, a lembrança de uma inteireza: a integridade de uma vocação de poeta que ele, obstinadamente, cumpriu.” - Leyla Perrone-Moisés

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Meu primeiro contato com Paulo Leminski e com biografias foi através de Vida. Os dois me surpreenderam e fiquei desejoso de ter mais do mesmo. As 4 biografias (Cruz e Souza, Bashô, Jesus e Trotski) são de capítulos curtos e que abordam uma única faceta da personalidade ou obra do biografado.


Comecei por Jesus porque estudei a Bíblia por anos, logo seria o personagem de mais empatia. As biografias são na verdade uma espécie de ensaio, e Paulo Leminski tem total liberdade para caçoar e fazer as mais impossíveis analogias, o que dá brilho e singularidade perante a outras biografias. É como se fôssemos os interlocutores, e ouvíssemos um delicioso relato sobre as quatro personalidades. O que não abre mão da linguagem técnica de cada assunto (literário, religioso e histórico, respectivamente) como também da imensa concisão de informações presentes em cada parágrafo.

O olhar sobre a vida de Jesus não é o que a grande maioria tem por ele. Aqui, Leminski nos mostra um Jesus mais humano, a personalidade que lançou margem para uma das maiores mudanças dos milênios que o sucederam. Há um capítulo que achei fenomenal que é sobre a relação de Jesus para com as mulheres, um Leminski feminista apóia muitas causas em voga e não deixa pedra sobre pedra daquelas que usariam para apedrejar a adúltera.

Após a excursão inusitada de um novo olhar sobre Jesus, embarquei na Rússia de Trótski. O que me soou mais interessante dentre a enxurrada de descobertas, foi a história da Rússia desde os seus primórdios, e a comparação desta com a história dos Irmãos Karamazov. Nessa parte também consta a formação intelectual dos outros dois grandes nomes da Revolução Russa e descendente, Lênin e Stálin; o encontro de Lênin e Trotski e suas divergências.

Em Cruz e Souza (a mais charmosa das quatro) fiquei cabisbaixo por ser uma biografia de cerca de apenas 70 páginas. Já no início temos um capítulo chamado Cruz e Souza e o Blues, o que já me deixou fervilhando de entusiasmo. Além da vida icônica que foi essa anormalidade social em Cruz e Souza, há espécies de análises dos poemas, e depoimentos de autores famosos a respeito de Cruz e Souza. Há um trocadilho genial apresentado sobre os pais do autor preto, já que ambos possuem o mesmo nome. Essa primeira biografia é toda fúnebre, já que a vida do poeta foi um constante embate contra o ódio (me recuso a usar o termo preconceito). Há pequenos relatos da doença mental da esposa de Cruz, e o poema que aparece com mais freqüência na biografia é o que retrata da loucura.

Por último, deixei Bashô, cujo nome me era totalmente desconhecido. Foi a biografia mais complicada das quatro, tudo era muito novo, diferente e inusitado. Eu não sei quase nada sobre a cultura oriental, e li muito vagarosamente, e a releitura de vários parágrafos tornou-se constante. Desse modo não me arriscarei a dizer algo sobre o “poeta” japonês mais famoso. Mas ele é uma figura tão importante pra Leminski que é citado nas outras biografias, e quando se procura por haikai (a modalidade de escrita japonesa que se assemelha a um dístico pelo pequeno tamanho) no Google, aparece Leminski como indicação de pesquisa.

Se há algum interesse em alguma das 4 personalidades, há a indicação da leitura pela rica variedade de informação contida no pequeno mas denso livro. Se você não se interessa, ainda a indicação pela amável companhia de Leminski, que espero ler mais em breve.

                                                                                                      Alister Vieira
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