sexta-feira, 19 de julho de 2019

O que é Ideologia - Marilena Chauí

























 A partir da existência do conceito de ideologia, apresentado por Marilena Chauí, coube nessa resenha analisar o significado do termo, incluindo a sua conexão com a realidade econômica, política e social. Coube, também, falar sobre o conceito de trabalho, apontado de uma forma não tão benéfica por Aristóteles quanto foi para a ética protestante, vinculando-o às ideias de exploração e dominação de um determinada classe em relação às demais. Assim como destacar, ainda, o seu processo de aparecimento e implementação dentro do contexto histórico da sociedade, tendo sido usado, pela primeira vez, após a Revolução Francesa e tendo seu significado alterado de acordo com a época vigente e determinados pensadores, como Comte e Karl Marx. A partir de todas essas alterações e da concepção burguesa acerca do capital, surgiu o que pode ser chamada atualmente de ideologia da competência, caracterizando a sociedade moderna e as suas relações.
Dentre as páginas que compõem a obra, a autora bate, intencionalmente, sobre a mesma tecla, o conceito que temos quanto ao significado da palavra ideologia e o seu real sentido, muitas vezes não identificado pela maioria dos indivíduos. A verdade é que o termo “ideologia” geralmente é confundido com ideário, significando apenas um conjunto sistemático e encadeado de ideias. No entanto, a autora desfaz essa suposição e classifica ideologia não como um ideário qualquer, e sim um de cunho mais histórico, social e político, servindo para ocultar a realidade e manter a desigualdade e a exploração.
O termo ideologia apareceu pela primeira vez na França, em um livro publicado após a Revolução Francesa. Nessa obra – Elementos de Ideologia – os autores pretendiam construir ciências morais dotadas de tanta certeza e exatidão quanto as naturais, despidas, assim, dos resquícios metafísicos e teológicos. Até então, as ideologias e seus ideólogos eram vidos com bons olhos na França, mas após o rompimento desses teóricos com o pensamento napoleônico, aquelas palavras assumiram conotações pejorativas associando-se, para a maioria, com a metafísica. Percebe-se claramente isso na declaração de Napoleão, em 1812: “Todas as desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer afundar sobre suas bases a legislação dos povos, em vez de adaptar as leis ao conhecimento do coração humano e às lições da história.” Com Karl Marx, o significado pejorativo foi conservado quando se dirigia aos ideólogos alemães, pois para ele os ideólogos invertiam as relações entre as ideias e a realidade, formando um sistema de concepções que não possuem relação com o mundo real.
Por outro lado, de acordo com August Comte, a cada fase do espírito humano, o indivíduo cria um conjunto de ideias que servem como explicações para os fenômenos vigentes, e, dessa forma, são constituídas várias ideologias, de acordo com a fase em que o homem esteja. Partindo dessa teoria sobre o conceito de ideologia, este seria entendido não como um ocultamento da realidade ou principal causa que legitime a exploração e luta de classes, mas sim como uma organização sistemática de todos os conhecimentos científicos e verdadeiros, isentos de religiosidade e metafísica. Assim, quando as ações das pessoas estiverem contrárias as da ideologia, serão vistas como desordem e anormalidade. Para romper com esse paradigma, foi de tamanha importância e necessidade o surgimento da concepção marxista acerca da ideologia, pois só assim os homens ganharam mais incentivo e legitimação em suas ações para quebrarem com a ordem vigente, colocando, consequentemente, a prática acima da teoria, o contrário pensado e difundido pelos positivistas.
Para haver aprofundamento e real conhecimento das bases para o conceito marxista de ideologia, é preciso analisar também as concepções Aristotélicas acerca do trabalho e o advento da reforma protestante. De acordo com o filósofo grego a práxis – atividade ética e política – era tida como superior em relação à poiésis – atividade técnica, o trabalho em si. Enquanto a primeira era considerada atividade própria de homens livres, dotados de razão, a segunda era tida como uma rotina mecânica, a qual serviria apenas para fabricar um objeto para alguém. A partir daí foi legitimada a ideia de que o trabalho seria um elemento secundário e inferior. Os indivíduos da práxis, então, exprimiram teorias acerca da realidade social e histórica vigentes, podendo estar conscientes ou não. Quando, infelizmente, estavam alheios ao contexto histórico, e mesmo assim consideraram suas ideias verdadeiras, acabaram por produzir uma ideologia, tornando-a independente da realidade.
Posteriormente, com o advento da chamada ética protestante, o trabalho deixou de ser desqualificado, sendo visto então como principal meio para a obtenção do poder econômico e prestígio político e social. Em outras palavras, pode-se afirmar que os teólogos protestantes defendiam que o homem foi posto na terra para trabalhar, poupar e investir e assim honrariam a Deus. Essa nova concepção do trabalho na sociedade, contribuiu para a formação da classe burguesa e, consequentemente, para a separação entre trabalhadores e detentores do capital. A partir daí, os produtores deixaram a servidão e se tornaram assalariados. “Estamos, pois, diante do que se convencionou chamar de homem livre moderno.” (Chauí) No entanto, percebe-se que não há um caráter homogêneo nessa concepção de homem livre, de um lado está o burguês, dono dos meios de produção, do outro está o trabalhador, que foi “liberto” da condição de servo, mas que agora deve se sujeitar ao trabalho assalariado. É clara a percepção de que a liberdade só está ao lado do burguês, sendo este quem determina os fins da produção, do outro lado resta apenas a necessidade.
É dentro desse panorama de surgimento da classe burguesa e luta com os proletariados que o conceito de ideologia marxista ganha espaço. De acordo com ele, as relações sociais são produzidas pelos próprios homens, mesmo que eles não tenham a consciência de serem os autores, e servem para guiar os pensamentos e ações humanas. Devem ser encaradas como processos históricos, para que os indivíduos tenham conhecimento acerca do seu poder de transformar a realidade social e produzir ideias que expliquem sua vida social e individual. Todavia, nas sociedades divididas em classes, os dominantes legitimam e difundem as suas próprias ideias, realçando e assegurando seus poderes econômico, político e social. Dessa forma é escondido do restante dos homens o modo de produção das relações sociais desiguais e a exploração econômica, caracterizando o fenômeno da ideologia.
A ideologia é, portanto, fruto de uma alienação, esta em seu grau religioso não é a forma fundamental para sustentar ideologias, mas apenas o efeito de toda a  alienação advinda do trabalho, pois o empregado não se reconhece no produto final de seu trabalho e a mercadoria passa ser uma coisa que existe em si e por si. E é a partir de todo esse processo que o capital ganha força, sendo caracterizado pela mais valia, ou seja, o trabalho executado pela classe baixa e não pago, gerando lucros apenas aos detentores dos meios de produção. Baseando-se no pensamento de Marx, a fixação da ideologia na sociedade se deu no momento em que houve a divisão social e exploração do trabalho, encontrando-se, o homem, excluído do direito de usufruir dos bens que produz e mesmo assim tendo que aceitar a ordem de exploração e desigualdade vigentes, pois a realidade é ocultada pelos dominantes, e as ideias e pensamentos destes são tornados legítimos e universais.


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A história se concentra diretamente em como a sociedade é dominada, em relação do ser humano que não tem condições, se tornando totalmente inferior ao que possui um certo valor financeiro e que possa ter seus empregados, com uma autoridade suficiente para ordenar.

"Para haver um sonho é necessário haver um escravo; para haver um escravo é necessário haver um sonho." Pág. 39

Com isso, é possível perceber que este tipo de autoritarismo existe a bastante tempo, a século passados de acordo com o que a obra cita. Relata principalmente como as pessoas recebiam isso, se aceitavam ou não. Alguns acreditavam que seria o modo correto, trocando o justo pelo injusto, e por não possuir autoridade de expor sua opinião, com medo do que poderia acontecer diante de um pensamento diferenciado dos outros.

"Uma história concreta não perde de vista a origem de classe das ideias de uma época, nem perde de vista que a ideologia nasceu para servir aos interesses de uma classe e que só pode fazê-lo transformando as ideias dessa classe particular em ideias universais." Pág. 88

Além do mais, é possível ter uma explicação sobre as relações econômicas e sociais, da forma que aconteceram por exemplo: fordismo. Não irei explicar tanto, pois acredito que muitas pessoas saibam um pouco a respeito, e adoraria que vocês lessem esse livrinho.
O livro retrata de como as mentes das pessoas são dominadas e compradas, por ter algo em troca, por acreditar em palavras mentirosas que apenas querem algo, mas no final acabando iludindo o outro. É ver que com pouco se consegue muito.

"Só há felicidade na competição e no sucesso de quem vence a competição." Pág. 107

O que realmente mais me chamou atenção, foi na forma em que Marilena utilizou para escrever que os grandes possuem apenas “nome”, mas quem realmente faz a história e participa são os pequenos e comandados.

Recomendo que leem essa obra, é um preço acessível. Contém um enredo maravilhoso para a realização de debates e momentos de reflexão para comparamos com o que estamos vivendo na nossa atualidade. Durante a leitura, é possível perceber como a autora se dedicou ao livro, relevando todos os lados da moeda citado.

A escrita da Marilena Chauí é leve, compreensível. Porém, possui uma quantidade de palavras desconhecidas, que durante a aula na faculdade percebi muitas reclamações diante da variedade no vocabulário. Torço para que isso não diminua o interesse de quem for realmente ler. Em relação a edição, a que eu tenho me encantou demais! Está linda e com a letra legível, sendo um livro pequeno para qualquer momento ou viagem.

É uma leitura enriquecedora e com toda certeza, irei ler todos os anos, terá um lugar especial no meu coração e na minha estante!

Morgana Brunner

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A autora Marilena Chauí começa o livro falando da teoria das quatro causas de Aristóteles, as quais explicam o movimento, que para os gregos é toda e qualquer alteração de uma realidade, seja qual for estas teorias são uma tentativa para dar explicação ao problema do movimento, uma concepção metafísica para explicar os fenômenos naturais e humanos.
O objetivo da autora através do livro é nos fazer compreender por que a ideologia é possível, nos mostrar qual sua origem, quais são seus fins, quais seus mecanismos e quais seus efeitos históricos, isto é, sociais, econômicos, políticos e culturais. E para atingir este objetivo Marilena Chauí expõe de forma clara e objetiva a concepção que grandes pensadores tinham deste tema.
Um destes pensadores era Karl Marx,para ele o ideólogo é aquele que inverte as relações entre as idéias e o real. Assim, a ideologia, que inicialmente designava uma ciência natural da aquisição, pelo homem, das idéias calcadas sobre o próprio real, passa a designar, dar por diante, um sistema de idéias condenadas a desconhecer sua relação real com o real.O pensamento de Marx sobre ideologia sofre fortes influências  do filosofo Hegel,uma destas influências é a dialética hegeliana,a qual  Hegel definia a historia como um processo temporal movido pela contradição e cujo sujeito é o espírito como reflexão.
Marx afirma que no caso da sociedade civil capitalista, o fato dos proprietários dependerem da exploração dos não proletários significa que o capital é trabalho não pago,ou seja a mais-valia ,assim há uma contradição na medida em que a realidade do capital é a negação do trabalho. A ideologia oculta a luta de classes, através da idéia de a sociedade civil ser vista como um individuo coletivo.
Para Marx a ideologia surge quando a divisão social do trabalho separa o trabalho manual do intelectual, Marx afirma que a ideologia burguesa transforma em “coisa” a chamada classe social, estudando-a como um fato e não como resultado da ação humana, e que transforma um homem até que ele acredite que é desigual por natureza, desejo ou falta de talento,  de um outro homem,ou seja causa um sentimento de aceitação na sociedade. Mas a divisão do trabalho não é somente uma divisão de tarefas, aqui existe uma diferença entre os que produzem a riqueza e os que usufruem dela, o que dá ao proprietário um poder sobre o não-proprietário que é explorado economicamente. Assim, a ideologia é encarada como a dominação de uma classe para interesse geral do Estado, ou seja, as idéias das classes dominantes se tornam idéias de todas as classes sociais e se tornam idéias dominantes.
Pela visão de Augusto Comte, o criador do positivismo, a ideologia é uma organização sistemática de todo conhecimento científico,as quais fora produzidos por sábios que recolhiam opiniões e as corrigiam,eliminando elementos metafísicos ou religiosos caso existissem nestas opiniões.Assim a ideologia manipulava as ações dos homens, que eram submetidos a este poder ideológico,o qual era dominado pelos burgueses,então caso fossem desrespeitados estes ideais o homem estaria agindo contras a ordem da sociedade, e de acordo com o lema positivista “Ordem e Progresso”,estaria também atrapalhando o progresso social.
Para Durkheim a ideologia é todo conhecimento da sociedade que não respeito o critério da objetividade científica sendo a da separação entre sujeito do conhecimento e objeto do conhecimento, separação que garante a objetividade porque garante a neutralidade do cientista, Durkheim tem a intenção de criar a sociologia como ciência ,como conhecimento racional, objetivo, observacional e necessário da sociedade.Para isso é preciso tratar o fato social como uma coisa, exatamente como o cientista da Natureza trata os fenômenos naturais. Isto significa que a condição para uma sociologia científica é tomar os fatos sociais como desprovidos de interioridade, isto é, de subjetividade, de modo a permitir que o sociólogo encare uma realidade, da qual participa, como se não fizesse parte dela.
A ideologia é um conjunto de idéias e valores, normas e regras,os quais manipulam os membros de uma sociedade,interferindo em seus meios de pensar e agir,com o intuito de conformar  a sociedade mesmo existindo tantas diferenças sócio-politoco-culturais,a ideologia tem a função de dar uma explicação racional a esta desigualdade,tentando estabelecer uma estabilidade entre dominantes e dominados.

Um comentário:

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