Do chão promovido a almofada, do
nosso limite a ele, do nosso encontro sob ele em algum tempo desconhecido,
Ondjaki nos transporta para um diálogo com o tempo, com a palavra, com a
liberdade da escrita, com a imaginação de seres misteriosos. descrições de uma
natureza em brisa de jangada e zunzum de abelha. e há também o encontro do
sentimento com os seres que somos. os lugares e as descoisas.mais
conhecido como prosador aqui no Brasil, dessa vez o autor nos oferece
sua escrita em poesia construindo (ou desconstruindo) com muita intimidade
cada palavra, cada verso, à sombra das árvores, pela alma das gaivotas, perto
de um cardume de tardes. ou do chão. / é a busca e exposição dos
momentos, dos cheiros e das pessoas que fazem parte do meu antigamente, numa
época em que Angola e os luandenses formavam um universo diferente, peculiar:
tudo isto contado pela voz da criança que fui: tudo isto embebido na ambiência
dos anos 80: o monopartidarismo, os cartões de abastecimento, os professores
cubanos, o hino cantado de manhã e a nossa cidade de Luanda com a capacidade de
transformar mujimbos em factos.[…] Esta estória fccionada, sendo também parte
da minha história, devolveu-me memórias carinhosas, permitiu-me fxar, em livro,
um mundo que já é passado, um mundo que me aconteceu e que, hoje, é um sonho saboroso
de lembrar (ONDJAKI, 2000). Ndalu de Almeida, poeta, escritor, cineasta e
sociológo, mais conhecido como Ondjaki, atualmente mora no Rio de Janeiro, mas
nasceu em 1977 em Luanda. Cultuado por compôr o panteão dos escritores
africanos contemporâneos que se destacam no mercado editorial, em poesia e
prosa se enreda nas estruturas da realidade angolana para contar histórias. Com
referências a literatura brasileira, o vencedor do prêmio Jabuti de literatura
lança agora o livro de poesias Há prendisajens com o xão do chão, o
título nos remete ao " Gramática Expositiva do chão" do
poeta Manuel de Barros, a quem Ondjaki reverencia com um poema.
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